Muitos dos Messiânicos (cristãos),
Judeus-Messiânicos e Judeus comemoram a festa da Hanuká no mês de dezembro .
Essa é uma boa tradição (2Tessalonicenses 2:15) que desde o primeiro século os
cristãos a comemoravam, visto que hoje a Verdadeira Igreja de Cristo passa por
um despertar espiritual buscando as Raízes da Fé Apostólica. Muitos despertos
hoje não comemoram mais o Natal devido a natureza original pagã desta festa.
Cremos que os seguidores de Yeshua (Jesus) têm
bons motivos para celebrar esta festa bíblica, se assim o desejarem. O tema
principal de Hanuká é a re-consagração do Templo, e I Co. 6:19-20, relata que
nós, crentes nascidos de novo, somos o Templo do Espírito Santo. Os crentes não
judeus são co-herdeiros em Yeshua das promessas de Abraão (Gl. 3:29).
Nesta celebração, nós temos a oportunidade
de nos re-consagrarmos, re-dedicando nossas vidas integralmente a HaShem. Não
que precisemos de um dia específico para uma re-consagração. Afinal, estamos
debaixo da graça de D-us. Mas, trata-se de uma oportunidade na qual podemos
celebrar esta data, alegrando-nos coletivamente por termos sido salvos,
agradecendo a D-us por este privilégio, enquanto tantos ainda perecem separados
de D-us e da comunidade de Israel. Apesar de sermos a luz do mundo, vivemos em
um mundo que jaz em trevas, que muitas vezes nos contamina, exercendo sobre nós
todo tipo de influência negativa. Então, neste dia sentimos a liberdade de fazer
nossa re-consagração, declarando coletivamente que somos livres de qualquer
peso e jugo em Yeshua Ha Mashiach. Se meditarmos um pouquinho sobre quantas
vezes pecamos quando comemos, bebemos, ouvimos e vemos o que não deveríamos, ou
quando tocamos em coisas que não deveríamos tocar, etc., encontraremos muito
sentido em nos re-consagrarmos. Arrependemo-nos, então, e consagremo-nos ao
Eterno de Israel. D-us nos dá a santidade, mas quem decide manter-se em
santidade somos nós.
Lembremo-nos dos livros de Esdras e Neemias quando
reconstruíram o Templo. A primeira coisa que eles fizeram foi reconstruir o
altar, depois o Templo propriamente dito e, finalmente, os muros. Em outras
palavras, não se consagra o Templo sem que se passe primeiro pelo altar de
sacrifício, local de arrependimento e de santificação.
Isto também se aplica a nós. Primeiro, passamos
pelo “altar” do Senhor nos arrependendo. Depois, sim, re-consagramos nossa
vida, santificando-nos e nos purificando. Toda esta dedicação do nosso corpo (o
“Templo”) ao Senhor só pode ser feita por meio do Espírito Santo, simbolizado
pelo óleo que é multiplicado, derramado em nossas vidas, revelando a pessoa de
Yeshua Há Mashiach. Assim como o azeite colocado na Menorá (candelabro de 7
pontas) ou na Hanukía (candelabro de 9 pontas) era puro, sem cheiro e sem
fumaça quando queimado, assim também deve ser nossa vida para Adonai. Para nós
é uma “mitzvá”(mandamento) ter que brilhar e reluzir graciosamente a beleza da
natureza de D-us em nós por meio de Seu filho Yeshua.
Agora, entendendo um pouco mais sobre a Festa da
Dedicação, podemos celebrá-la alegremente nosso culto de Ação de Graças (I Te:
3:9).
A FESTA DE HANUKÁ
Primeiramente, o que significa a palavra hebraica
Hanuká? Hanuká (ou Chanucá) significa consagração ou dedicação. Esta
festa é também conhecida no meio judaico como Festa das Luzes. Em João 10:22,
vemos Yeshua (Jesus) passeando no Templo na comemoração da Festa da Dedicação.
Essa passagem é a única passagem bíblica no Novo Testamento que se refere à
referida festa. Não encontramos esta celebração no Antigo Testamento porque o
fato que deu origem a esta festa ocorreu no ano 162 a.C.
Contexto histórico
Vindo da Macedônia, o império grego expande-se de
maneira significativa, conquistando desde o Egito, Oriente Médio, até a Índia.
Depois da morte de seu grande Imperador, Alexandre (336-323 a.C.), vários
generais lutam pelo controle do Império. O imperador selêucida, Antiochus
Epiphanes (175-163 a.C.), conquista o domínio sobre a região do Oriente Médio e
investe fortemente contra toda a região da Judéia, impondo os costumes, as
tradições, a religião e o pensamento grego Helenístico. Para os judeus, ele proíbe
a circuncisão, a observância do Shabat, todas as restrições de comida
(Kashrut), e estipula que apenas porcos poderiam ser sacrificados no Templo.
Ele mesmo, num gesto de desrespeito e profanação, oferece um porco como
sacrifício a Zeus, no interior do templo, no Santo dos Santos. Todos os
utensílios do interior e exterior do templo são retirados, e o local passa a
ser mais um templo do deus grego Zeus.
É interessante frisar que a cultura e o pensamento
grego eram muito bem aceitos pelos povos dominados. O culto à mente humana, aos
pensamentos filosóficos revolucionários e modernos eram vistos como expressões
de uma cultura extremamente mais desenvolvida. Com exceção de Israel, o
pensamento e os costumes helenísticos eram aceitos, quase em sua maioria, de
maneira espontânea e não obrigatória, já que um dos aspectos gregos de domínio
era a não imposição da sua religião. Os povos dominados eram todos politeístas
e a aceitação de um ou mais deuses de uma cultura muito mais avançada não
representava grande problema. Mas, é claro, com a nação de Israel não foi
assim. Os judeus sempre foram um povo distinto e separado das outras nações
pelo fato de crerem em um só D-us e de terem mandamentos, estatutos e
ordenanças específicos. Por este motivo, o domínio grego em Israel foi bem mais
brutal e violento.
Certo dia, um oficial sírio ordena que Matitiahu
Ha Macabí (Mateus, o Martelo ou o Macabeu), cabeça de uma importante família de
sacerdotes do Templo, oferecesse um porco no altar. Matitiahu, juntamente com
seus cinco filhos, dão início a uma revolta judaica, matando o oficial sírio e
todos os seus soldados. Sob a liderança de Matitiahu, outros judeus aderem à
revolta. Por oito anos o exército dos Macabeus lutou pela libertação de
Jerusalém e de Israel. Após a morte de Matitiahu, seu terceiro filho, Yehuda Há
Macabí (Judá, o Macabeu), assume o controle da revolta e leva o exército dos
Macabeus à vitória sobre o exército grego-sírio no ano de 165 a.C.
O Milagre
Livres então do domínio e da ocupação do exército
grego-sírio, os macabeus dão início à purificação do Templo em Jerusalém. No
dia 25 do mês de Kislev, no ano 162 a.C., eles realizam com grande celebração a
rededicação do Templo com a consagração de um novo altar. O chamado ner tamid
(fogo eterno) foi novamente aceso na menorá, o grande candelabro de sete pontas
do interior do templo. Mas o óleo de oliva consagrado para queimar na menorá
era suficiente para mantê-la acesa por apenas um dia e levaria no mínimo uma
semana para se preparar mais óleo Então, por um milagre do D-us Todo Poderoso,
o fogo na menorá continuou queimando por mais 8 dias, tempo necessário para a
preparação do novo óleo, conforme o relato no livro de II Macabeus.
Alguns rabinos e autoridades judaicas consideram
como sendo milagre não só os oito dias da queima do óleo na menorá do interior
do Templo, mas também a vitória do exército dos Macabeus sobre o poderoso
exército sírio-grego. Eles lembram que o exército dos Macabeus era, em sua
maioria, composto por sacerdotes, os quais não possuíam experiência em
batalhas, armas ou táticas de guerra. Eles se refugiavam nos montes e nas
cavernas ao redor de Jerusalém e atacavam de noite, sob a forma de ataque
surpresa em diferentes pontos da cidade.
A Festa para os judeus
Desde então, os judeus celebram a chamada Festa da
Dedicação (ou festa de Hanuká) todos os anos durante oito dias, representando
os oito dias do milagre do fogo no Templo. O maior símbolo de Hanuká é o
candelabro de nove pontas – a Hanukía, como é chamada. A Hanukía possui oito
velas e uma vela central, mais alta que as outras, chamada de Shamásh (servo),
com a qual todas as oito velas são acessas, uma a cada dia. É costume judaico
colocar a Hanukía na janela das casas, de maneira que todos possam vê-la e se
lembrar do milagre.
Também é comum, nas noites de Hanuká, a comunhão
familiar e entre amigos. O uso de jogos durante Hanuká surgiu na Idade Média,
quando os judeus eram proibidos de guardar as tradições e as festas. Eles
então, durante as festas, utilizavam de variados jogos, para que se alguém
estranho os visse, não desconfiasse de que se tratava de judeus realizando
alguma cerimônia. Dentre estes jogos, os mais usados eram a Dama e o Dreidel
(dado). Este último era muito utilizado durante Hanuká e acabou por se tornar
um dos símbolos da mesma. No Dreidel, tem-se um dado de 4 faces, e em cada face
uma das seguintes letras do alfabeto hebraico: nun, guímel, hêi e shin, que são
as iniciais da frase: (Nés gadól haiá shâm) “Um grande milagre ocorreu lá!”.
A Hanukía (candelabro de 9 pontas) se tornou o símbolo da Festa de Hanuká
Hag Hanuká Sameach! Feliz Festa de Hanuká!
Grande parte deste texto foi compilado do site https://ensinandodesiao.org.br/
Autor: Marcelo M. Guimarães
Rabino messiânico ordenado pelo Netivyah Bible Instruction Ministry – Jerusalem-Israel. Fundador do Ministério Ensinando de Sião e da Congregação Har Tzion em Belo Horizonte.